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A Cultura de Estupro!!!

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Ricardo Costa Gonçalves – Professor

Foram 33 homens, em nenhum instante um deles para refletir sobre o que estavam fazendo? Pelo contrário, eles fizeram, e mostraram com o orgulho o feito, como se fosse um troféu. Compartilharam vídeos e imagens do corpo da jovem dilacerado depois do estupro nas redes sociais e tiveram centenas de “likes” e comentários de aprovação.

Mas, o que fez estes homens se sentirem confortáveis para fazer o que fizeram e acreditar que não seriam punidos? Foi preciso acontecer um caso emblemático desse para que possamos refletir sobre a cultura de estupro. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ocorre um estupro a cada 11 minutos no Brasil. E apenas 10% dos casos são denunciados porque normalmente as mulheres têm medo de denunciar os agressores.

O estupro é o crime que monstra quem manda na sociedade. Este permite ao homem mostrar que a mulher é inferior, que para ele não existe limites, ele pode invadir o corpo alheio porque a sociedade ensina a todos os dias as mulheres a se defenderem e não os homens a não atacarem.

Este caso reacende o debate sobre um termo chamado de “cultura de estupro”. Mas, afinal o que é a cultura de estupro? Comerciais de cerveja, preservativos e marcas de grife que mostram com naturalidade uma mulher submissa servem para fortalecer a cultura de estupro. Piadas machistas endossam a cultura de estupro. Erotização infantil contribui para a cultura de estupro. Em suma, uma sociedade que questiona a vítima e não o agressor, foi moldada por uma cultura de estupro.

Recentemente, o deputado Jair Bolsonaro, quando da votação do impedimento da presidente Dilma na Câmara Federal exaltou o torturador Brilhante Ustra. Uma das atrocidades praticadas frequentemente contra as mulheres presas por ele era o estupro. É o mesmo deputado que proferiu a frase “não te estupro porque você não merece” à deputada Maria do Rosário (PT).

Além disso, Bolsonaro, juntos com outros deputados da bancada bíblia, entre eles Marco Feliciano, defendem um projeto de lei que impede o atendimento de vitimas de estupro no SUS. Eles oficializam a “culpa das mulheres” e colocam sobre suspeita a palavra de quem sofreu a violência.

O crime praticado por esses homens que chocou o país é resultado de uma sociedade que não empodera as mulheres. Nenhum de nós pode imaginar o que essa menina sentiu. Podemos pensar na dor, na humilhação, no medo, na vergonha, mas jamais teremos a dimensão do quanto à vida dela ficará marcada para sempre. Não podemos mudar o que aconteceu, infelizmente, mas podemos lutar juntos para que a cultura de estupro acabe agora. Uma comoção nacional nos faz lutar contra este crime, mas devemos fazer isso todos os dias, até que nenhuma mulher mais seja vítima de qualquer tipo de violência simplesmente pelo fato de ser mulher.

Ricardo Costa Gonçalves
Graduado em Matemática, professor, ex-secretário de educação de Pedreiras, ex-superintendente adjunto do INCRA-MA, mestrando em Estado e Políticas Públicas pela FPA/FLACSO.

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