ACIAP Realizou Reunião Com Várias Autoridades Para Discutir a Segurança em Pedreiras e Trizidela do Vale

A reunião foi realizada no auditório da Associação Comercial de Pedreiras. Participaram da composição da mesa o Presidente da ACIAP, Benselmo Braga; Raimundo Sores de Castro (vice-presidente da ACIAP); Presidente do Comércio de Pedreiras, Etevaldo Menezes e Silva; Tenente-Coronel Everaldo (Comandante do 19º BPM); Dra. Silvana Prazeres (Delegada Regional de Pedreiras); Dr. Rafael Almeida (Delegado 1º distrito); Dr. Marco Adriano (Juiz da 1ª Vara da Comarca de Pedreiras); Dra. Ana Gabriela Ewerton (Juíza de execuções penais); Dr. José Carlos de Farias Filho (Promotor de Justiça); Fred Maia (Prefeito de Trizidela do Vale); Michele Cantanhede (Movimento em Prol da Vida); Francinete Braga (Conselheira de Cultura do Estado) e Dr. Márcio Mendes (Delegado de Trizidela do Vale).

Comerciantes de Pedreiras e Trizidela do Vale, representantes da sociedade, vereador Elias Bento, jovens, médicos, Pré-candidatos a prefeito de Pedreiras, empresários, professores, conselheiros tutelares de Pedreiras, Enoque Filho (Presidente da APAC), representantes religiosos, Arli de Andrade Bezerra, Presidente da ACIATRI, Imprensa e outros segmentos, discutiram da melhor forma possível as ações que possam vir amenizar o grau de violência nos dois municípios.

A reunião foi divida em dois momentos. Apresentação do pessoal da mesa, e perguntas e respostas sobre o tema discutido no auditório.

Benselmo Braga fez um breve relato sobre a disponibilidade da Associação Comercial já ter encabeçado projeto sobre a segurança, quando citou, que a princípio, em reuniões passadas foi idealizada pela associação a construção de guaritas e o sistema de vídeo monitoramento, mesmo arcando com 50% do valor, infelizmente não pode contar com apoio do poder executivo, que seria o responsável por mais 50% do valor.

O Tenente-Coronel fez questão de dizer que, a segurança, segundo a constituição federal, é direito do Estado, mas dever de todos. Fez um levantamento sobre as prisões nos últimos dias. Disse que não tem efetivo suficiente para cobrir 14 municípios e só pode contar com 150 policiais. Citou como exemplo, Lago da Pedra que tem uma população maior que a de Pedreiras, mas só tem 20 policiais. Enumerou alguns municípios que sofrem com a fragilidade do número de PMs. Na sede, em Pedreiras, são 70 policiais, que se dividem para servir em alguns pontos de Pedreiras e Trizidela do Vale.

Dra. Silvana Prazeres, delegada regional de Pedreiras, levou ao conhecimento de todos como começou e as dificuldades que enfrentou. Agora conta com um reforço maior de delegados, mas ainda muito pequeno para a regional, que é vinculada a 14 municípios, desses, apenas seis tem delegado. Outros seis Municípios que não tem delegado, é a própria Delegada Silvana que responde pelos mesmos. Quanto ao número de investigadores, são 07 em Pedreiras, 02 em Lago da Pedra, 02 em Trizidela do Vale, esse número chega a variar em outras cidades que tem um ou dois investigadores.

Pelo tamanho da Delegacia, o espaço ainda é pequeno, foi o que disse o delegado Rafael Almeida, se referindo a parte física do prédio. Reforçou as palavras da delegada regional, quanto a precariedade de investigadores e das viaturas em Pedreiras. Voltou a dizer que cresceu o  número de menores infratores nos últimos anos, coisa nunca vista antes.

Dr. Márcio Mendes, delegado de Trizidela do Vale, disse que os problemas da Policia Civil são exatamente o que a delegada Silvana e o delegado Rafael já teriam mencionados. Ratificou as palavras do colega, delegado Rafael, quando disse que a polícia só é chamada no último caso, e revelou a existência de menores, sem trabalho, e sem a preocupação da família colocar o jovem na escola. Parabenizou o trabalho da igreja junto aos jovens, mas generalizou que todos temos que fazer muito mais.

O prefeito de Trizidela do Vale, Fred Maia, disse que também sente na pele tudo que teria sido citado na reunião. Informou das despesas que tem com a segurança pública, mesmo não sendo responsabilidade dele, que a mudança anunciada pelo Governo do Estado ainda não aconteceu, que teria ouvido do próprio governador Flávio Dino na reunião com os prefeitos, em outubro do ano passado, que a partir de janeiro deste ano os gestores estavam proibidos de ajudar a Polícia Militar e a Polícia Civil, mas não é o que está acontecendo em seu município, disse que é a prefeitura que arca com as despesas da delegacia de Trizidela do Vale, a partir do prédio que pertence ao Município. O prefeito também foi taxativo em afirmar que toda estrutura da Polícia Militar em Trizidela do Vale é custeada por ele, aluguel do prédio, luz, água e outros serviços. Além disso o contingente de PMs é pequeno. Não esqueceu de falar sobre o corpo de bombeiros, onde teria gastado mais de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) na reforma do prédio. Disponibiliza 04 funcionários, e ainda custeou móveis e eletros, para que a CIA funcionasse. Finalizou dizendo que, até a lancha que tem no corpo de bombeiros é do Município. Mesmo com tudo isso, ainda sofre retaliação, e ainda não é parceiro do governo.

Como assistente social, Michele Cantanhede enfatizou uma ação desenvolvida por um grupo, que tem a contribuição do bioquímico Henrique, que começou pelo bairro do Diogo, junto às famílias carentes que tem um grande índice de invulnerabilidade. Aproveitou para convidar todos para a caminha da PAZ em Pedreiras, que acontecerá hoje (20/04), saindo do Parque Henrique Oliveira, pediu que todos levassem uma vela.

Dr. José Carlos Farias, titular da segunda promotoria de Pedreiras, disse que acompanha a dificuldade estrutural e pessoal que a PM encontrar para trabalhar, elogiou os militares que sempre são testemunhas quando convocados, devido boa parte da população se omitir, quando precisa, devido ao medo da retaliação dos envolvidos nos crimes, com isso, tornando difícil ajudar a polícia fazer um trabalho à altura junto à sociedade. Sobre o que o MP pode fazer a partir de agora, é ser uma ponte de ligações, para formações de reuniões, reivindicações e intervir ao poder público, e ingressar, até judicialmente, para se conseguir alguma coisa (melhoria). Quanto ao menor infrator, não basta apenas a repressão, porém, a questão social, segundo o Promotor é essencial, extremamente necessária, pois, a ociosidade o leva ao mundo do crime.

A juíza Ana Gabriela levou ao conhecimento de todos o aumento de presos provisórios, que cresceu assustadoramente, mas a repressão está sendo feita. O problema maior é a causa, e reforçou a fala do Dr. Rafael, delegado de polícia, que depois que tudo falha, aí é que chega até à justiça, ou seja, ao poder judiciário. Finalizou dizendo, que se não for feito algo social, a consequência é piorar. Colocou-se à disposição para lutar por alguma ação efetiva na causa, pois, é pensamento do poder judiciário ver uma sociedade com mudanças, e para melhor.

Dr. Marco Adriano, juiz titular da 1ª Vara, disse ser testemunha do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar diuturnamente, apesar das precariedades. Quanto a Polícia Civil, disse ficar triste, pois foi policial civil, mas após 13 anos, continua vendo as mesmas dificuldades, e quase nada se alterou. Quanto aos governadores, citou que passaram quatro, inclusive com a reeleição de Roseana Sarney, e agora Flávio Dino e pouca coisa foi alterada, então, quem tem o dever de prover segurança pública é o Estado, mas a união tem uma parcela de responsabilidade com a celebração de convênios para viabilizar recursos. Sobre o pequeno efetivo, pode haver um aumento, mas não por conta de concurso público, e sim, por força de intervenções judiciais, liminares de candidatos que ficaram como excedentes. E concordou sobre o aumento da criminalidade, que segundo ele, é um fator social. Mostrou preocupação ao falar que já existem vários grupos sendo comandados por menores, por que eles já foram corrompidos e querem ganhar espaço no cenário do crime.

Como durante as falas não foi citado o ponto crucial que está causando o aumento da criminalidade em Pedreiras e Trizidela do Vale, que são as drogas, o professor José Barreto aproveitou o momento das perguntas para pedir as autoridades que coloquem os traficantes atrás das grades, que são eles os maiores causadores dos crimes, através do fornecimento das drogas aos infratores delinquentes. Disse ser testemunha das dificuldades da polícia, pois conhece a realidade, mas o que assola mesmo ao fundo da raiz, é a droga, por isso, deve haver uma ação para prender os traficantes.

Outras pessoas se manifestaram, entre elas um guarda municipal pediu a criação da guarda de segurança municipal para ajudar o trabalho da PM, e citou alguns municípios que já contam com essa parceria, e o índice de criminalidade diminuiu.

Após a reunião a ACIAP ofereceu um coquetel, e o Blog aproveitou e ouviu algumas autoridades sobre o encontro.