
Com o tema: “Violência contra a Mulher e o Feminicídio no Município de Pedreiras – Prevenção e Combate”, a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres realizou uma grande Audiência Pública, que contou com as presenças de autoridades que envolvem os três poderes: executivo, legislativo e judiciário. O evento aconteceu na Câmara de Vereadores.

A cantora Dilza Siqueira e o cantor Hilton Veras proporcionaram momentos de alegria, com o melhor da música popular brasileira, com um repertório homenageando o público feminino. Durante a apresentação da dupla, a música “Ponto de Partida”, de autoria de Dilza Siqueira, virou um coral no plenário.

Uma peça teatral, apresentada pelo Grupo Teatral “VIDARTE”, da Primeira Igreja Batista, mostrou a atual realidade que envolve a mulher, seja em casa, no trabalho, ao pegar um ônibus e quando sofre abuso ou estupro.

A cerimonialista e Nutricionista da Secretaria da Mulher, Ruth Barreto, fez referências ao evento, sua importância, e num breve relato decifrou as qualidades da Secretária Jane Glêb.

Iniciadas as falas, o Presidente da Câmara, Vereador Bruno Curvina, foi o primeiro a se manifestar. Destacou a importância da mulher na sociedade, que, mesmo sendo a maioria em população e em números, mas ainda falta o índice aumentar sobre o espaço nos poderes.

“É necessário que as mulheres acreditem nas outras mulheres, e dê um voto de oportunidade, de confiança; pois, nós mulheres já provamos, e estamos provando todos os dias, que temos competência e que somos capazes, sim, de mudar o mundo, de mudar Pedreiras e mudar o Maranhão”, disse a Secretária de Cultura e Turismo, Francinete Braga.

A única mulher no parlamento Municipal, a Vereadora Ceiça, destacou a data especial, mas que não fosse esquecido como a mesma surgiu, e foi marcada de tristeza por mulheres que antecederam a categoria. Por isso, a importância de reflexões necessárias, principalmente pelo sofrimento que muitas mulheres continuam passando.

Socorro Leite, Secretária de Assistência Social de Pedreiras, pediu uma bênção especial a todas as mulheres. Como vencedora, relatou sua brava luta para implantar, como mulher, sua pequena empresa de vender discos, que mais tarde se tornaria inúmeras lojas denominadas “A Melodisc”. Sofreu preconceito, mas não desistiu e venceu.

“Nós mulheres, não devemos achar que já conquistamos tudo. Não devemos nos acomodar; temos muito mais a conquistar. Temos, sim, que exigir nossos direitos, que até agora são tão poucos conquistados. No papel, está escrito muita coisa bonita sobre a mulher. Muitas e muitas mensagens bonitas para as mulheres, mas será que só no dia 8, a mulher merece isso ?”, indagou a representante da zona rural, a senhora Fátima do Forró da Velha.

Durante sua fala, o juiz Dr. Marco Adriano, enumerou o total de mulheres no magistrado. Segundo ele, 36% dos cargos são ocupados por mulheres. Sobre o debate, que ele não se resumisse apenas na audiência pública, pois é algo que tem que ser permanente, e, acima de tudo, que o tema fosse travado dentro das escolas. Segundo o magistrado, ele acredita que é possível viver dias melhores. Disse que fica triste quando ver em Pedreiras, crimes contra as mulheres, que parecem ser os mais cruéis vivenciados por todos.

O defensor público, Evaldo Sousa, fez questão de frisar, que a defensoria pública é uma aliada das mulheres no combate, também, contra a violência doméstica, e como num todo. Se colocou à disposição, e finalizou sua participação desejando um feliz dia das mulheres.

Dr. Artur Gustavo, do juizado cível e criminal, desde agosto de 2015, e atualmente responde pela 3ª Vara da Comarca de Pedreiras, em substituição a Drª Larissa Tupinambá, que saiu em férias, parabenizou a iniciativa da Secretaria da Mulher, em promover a audiência, principalmente pelo ponto muito sensível, que é o feminicídio e a violência contra a mulher em Pedreiras, que realmente, segundo ele, os dados são alarmantes. Como fato, divulgou o número de medidas protetivas que somam 266, que inclui prisão, afastamento do lar, entre outras medidas. Quanto as ações penais, só de violência doméstica o número é de 185, e atualmente foram registrados 23 casos de crimes contra a vida, em que as mulheres foram vítimas.

“Quando a gente fala em educação, e pensar a educação num todo, inclusive de respeito ao próximo, com respeito a mulher, talvez não teríamos tantos casos de violência doméstica, se houvesse esse respeito. Se educar quem está do nosso lado, nossos filhos, a respeitar a mulher, nós teremos uma realidade de violência bem menor, por que não é só a violência física, a violência psicológica ela é muito mais rotineira e grave para uma mulher, quanto é a violência física. Pois a violência psicológica destrói. Pois, são tantos casos de pessoas destruídas por violência psicológica”, disse a Juíza de execuções penais, Drª Ana Gabriela.

Durante sua participação, a Secretária Jane Glêb, disse que estava muito triste, e explicou os motivos. No momento que participava de uma atividade religiosa, comemorando o dia da mulher, foi convocada para acompanhar um caso de uma mulher que estava bastante machucada, por ter sido agredida pelo companheiro. “Nós mulheres estamos marcadas por tanta violência. A violência contra a mulher e o feminicídio no Município de Pedreiras, é um momento pra chamarmos pra nós, pra nossa responsabilidade; poder público, executivo, legislativo, judiciário e sociedade civil. Todos nós, esse é um momento que é nosso”. Concluiu a Secretária.

A Gestora de Saúde da Regional de Pedreiras, enfermeira Valdete Cruz, disse que estava feliz em participar da audiência. Fortaleceu as demais colocações, que o dia da mulher não é um dia de muitas festas, mas de muita reflexão, principalmente de muitas lutas, que companheiras antecessoras travaram para que hoje as mulheres continuassem lutando, mas já com muitas conquistas e muitas vitórias, graças as mulheres que antecederam a classe.

Foi lembrado e levado ao conhecimento de todos no plenário, pela representante da Secretaria de Saúde de Pedreiras, Ariane Carvalho, que a mulher que sofre um estupro, tem que procurar uma unidade hospitalar, uma unidade de saúde, por que pode acontecer desse trauma se perpetuar a vida toda, uma doença, por exemplo, como o HIV, onde a mulher pode ser contaminada durante uma violência sexual. Acontecendo esse tipo de crime, pra evitar que a mulher seja contaminada, existe o prazo para que a vítima faça o uso de medicações, que é apenas de 72h.

O Prefeito Antônio França foi representado por sua esposa, a primeira dama do Município, Alexsandra Saturnino.

Após todos da mesa se manifestarem, foi aberto ao público perguntas ou pronunciamentos. Cecília, ex-vereadora, Ana Risolis (Diretora do Colégio Corrêa de Araújo); Ana Roberta (presidente do sindicato dos servidores municipais de Pedreiras), Magda representante do Grupo de Mulheres da Igreja Adventista do Sétimo Dia; Edsonete (Associação Interestadual das Quebradeiras de Coco) e o Vereador Zezinho do Amor, avaliaram o dia da mulher de forma diferente, onde o trabalho e a luta de todas tem que continuar, e que cada vez mais elas possam ocupar seu lugar de destaque na sociedade.

Foi prestada uma justa homenagem a quebradeira de coco, Maria de Aquino, Coordenadora Interestadual das quebradeiras de Coco, que recebeu das mãos da Secretária, Jane Glêb, um buquê de flores, assim, também, como as mulheres que formaram à mesa. Ao final da audiência foi servido um coquetel.

Esperamos, realmente, que essa louvável atitude da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, não deixe cair no esquecimento todas as propostas e ideias debatidas durante a audiência pública, que os bons fluidos se estendam a outros locais, na escola, por exemplo, como foi cogitado.
Parabéns a todos os organizadores pelo evento no dia Internacional da Mulher em Pedreiras.