RIO — Ex-prefeito de Pién, na Região Metropolitana de Curitiba, Gilberto Dranka foi preso na manhã desta terça-feira na mansão onde mora de forma inusitada. Um vídeo produzido pela Polícia Civil da região, no momento da operação, mostra que os agentes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) o encontraram escondido no forro do teto da residência. Ele é suspeito de envolvimento na morte do representante eleito da cidade, Loir Dreveck (PMDB), de 52 anos, assassinado em dezembro do ano passado antes de tomar posse no cargo. A prisão é temporária, com duração de 30 dias.
Além dele, foram presos Amilton Padilha, já envolvido em outro assassinato semelhante, e Orvandir Arias Pedrini. O primeiro é suspeito de ter atirado na cabeça do prefeito eleito, tendo fugido, em seguida, para Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Já Pedrini teria sido o intermediário do crime. Foram oferecidos R$ 10 mil reais e um automóvel pela ação.
Dranka despistou a equipe da operação exaustivamente.
— O procedimento dele denota uma extrema covardia e parcela de culpa. Inicialmente, tentamos agir com elegência por se tratar de uma autoridade pública, mas, infelizmente, eles dificultaram de todas as formas nossa entrada na residência e, ao chegarmos nos andares superiores da casa, encontramos sua mulher, uma criança de dois anos e uma filha adolescente. Ela disse que ele não estava em casa, mas imediatamente vi o telefone dele carregando e a carteira com seus documentos ali. Foi mais de uma hora fazendo buscas até localizarmos ele em um fundo falso, uma escada escondida dentro de casa. Ele desconversou dizendo que se escondeu porque achava que era um ladrão — contou o delegado Rodrigo Braun, do COPE, em uma coletiva de imprensa.
As investigações indicam que houve motivação política para o crime e que o atual presidente da Câmara Municipal de Pién, o vereador Leonides Maahs, teria encomendado o feito e ajudado o executor a fugir em seguida, além de possuir em casa munições sem registro.
— Os primeiros depoimentos indicam que o grupo ligado a Dranka e que dominava a política na região investiu no prefeito eleito, colocou dinheiro em sua campanha, recebeu benesses como cargos em comissão e secretarias da prefeitura, e que, um dia depois de ser eleito, Dreveck disse que nada disso aconteceria e que a prefeitura passaria por uma moralização — disse Braun.
Quebras de sigilo telefônico mostraram ligações do intermediário com o ex-prefeito momentos antes do crime. Pedrini teria oferecido a Dreveck um carro da prefeitura para deslocamento à região com a família. A vítima foi baleada por um motociclista, quando viajava pela PR-420. De acordo com a Polícia Civil, a moto utilizada para o crime foi encontrada em um barranco, ao lado de um capacete preto, que foi encaminhado para a perícia no Instituto de Identificação do Paraná. A placa do veículo — que já teve mais de oito donos, conforme a polícia constatou — e as impressões digitais possibilitaram a identificação dos suspeitos.
Outra descoberta, segundo o delegado, foi que, no início de dezembro, outra pessoa com carro semelhante foi vítima de Padilha no mesmo lugar onde o prefeito eleito foi morto. Acredita-se que ambos os atentados tenham ligação e que a primeira vítima tenha sido abordada por engano.
— O motoqueiro seguiu pelo acostamento, emparelhou do lado, sozinho, e fez diversos disparos. Depois voltou para conferir se a pessoa estava morta, do mesmo jeito que aconteceu com Dreveck — frisa Braun.