Um sorriso ficará marcado para sempre em minha lembrança. As diversas vezes que tive a oportunidade de ir ao Povoado Lago da Onça, dificilmente não visitava meu amigo Salvador, não por ser primo do Poeta do Povo João do Vale, mas por que era a simplicidade em pessoa. Sabia cativar, construir amigos, e o melhor, contava histórias engraçadas que me prendia, mesmo que eu estivesse apressado.
Das inúmeras histórias de João do Vale que ouvi da boca de Salvador, uma me marcou tanto que sempre o imitava na rádio quando tinha a oportunidade. No trecho ele parecia falar zangado, mas sempre conservava aquele sorriso puro e simples que não lhe custava nada. Era mais ou menos assim: “Rapaz, Sandro Vagner, o povo vem de fora aqui em Lago da Onça e diz: Ah, eu conheci João do Vale não sei onde, eu andei com João por vários lugares! Acho engraçado que depois que João morreu, todo mundo conhecia ele, andava com ele; quem conheceu João e andou com ele “foi” eu. Eu conheci João do Vale desde sua “meninice”. Quando ele precisou, todo mundo parece que esqueceu dele, só Dr. Josélio foi seu amigo“. Após me contar isso, a fisionomia carrancuda voltava ao normal, e aquele sorriso que só ele tinha tomava seu lugar de origem, de onde jamais poderia ter acabado.