Pedreiras: Entrevista – O dia de Finados nas palavras do Padre José Geraldo

Cemitério do Alto São José – Pedreiras – MA/Foto; Sandro Vagner

Centenas de fiéis participam de celebrações do Dia de Finados nos Cemitérios com o apoio dos Padres e Ministros da Palavra do Santuário de São Benedito.

Nosso Blog procurou no Pe. José Geraldo para algumas considerações sobre este dia!

BLOG: Pe. José Geraldo muitas pessoas este ano nas celebrações na solenidade de Finados?

Padre José Geraldo – Reitor do Santuário de São Benedito;Foto: Sandro Vagner

Pe. – Desde início da manhã, centenas de Pedreirenses visitam os cemitérios da cidade nesse dia de Finados. O tempo firme, sem chuva, possibilitou que as celebrações fossem realizadas nos cemitérios. Às seis horas da manhã uma das missas foi realizada no Cemitério Municipal bairro São José. Presidida por mim, também tivemos pela Manha em Marianópolis uma Missa celebrada pelo Pe. Pedro de Jesus, meio dia também celebramos no Santuário, durante a tarde os Ministros da Palavra celebraram a Palavra em vários cemitérios. Ainda Celebrei no Cemitério do Angical I, também Pe. José Francisco celebrou no Cemitério de Olho D’água/Sitio Novo. E encerrando no Santuário com a Missa presidida pelo Pe. Pedro Vigário do Santuário. Transmitimos muitas mensagens pelos Blogs, Rádios etc.

BLOG: Pe. O Senhor sempre fala em tradição mantida e respeitada pelo Santuário, o que o senhor nos diz quanto ao dia de Finados?

Pe. – Neste dia 2 de novembro, reverenciamos a memória de irmãs e irmãos falecidos. Há séculos, nós, os cristãos, mantemos esta tradição. Visitamos os cemitérios, depositando flores nas sepulturas; acendemos luzes de esperança e oramos, consolando os nossos corações. A recordação é forte. A saudação é profunda. A gratidão é imorredoura. A esperança é reavivada.

BLOG: Pe. O que o Senhor nos fala inicialmente sobre o dia de Finados, de onde vem esse costume?

Pe. – No Dia de Finados» recordamos os irmãos e irmãs de nossa família, de nossas comunidades e do mundo inteiro que voltaram para a Casa do Pai, oferecendo em sufrágio para cada um deles a Sagrada Eucaristia em que participamos, pedindo que Deus lhes conceda a recompensa celestial prometida aos servos bons e fiéis.

Desde o século I os cristãos rezam pelos falecidos, costumam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas e rezam pelos que morreram sem martírio. «Desde o início os cristãos desejaram que os seus defuntos fossem objeto de orações e de memória por parte da comunidade cristã. Os seus túmulos tornaram-se lugares de oração, de memória e de reflexão. Os fiéis defuntos fazem parte da Igreja, que crê na comunhão “dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja” (cf. Instrução Ad resurgendum cum Christo, n. 5.2).

BLOG: Pe José Geraldo percebemos mais na Fé católica esse momento de oração para os mortos o que o Senhor tem a nos dizer sobre essa atitude da Igreja?

Pe. – Essa data é muito importante para nos despertar a esperança e relembrar aqueles que já partiram. “Neste dia, a Igreja recorda todos os fiéis falecidos, reza por todos aqueles que, professando a fé, já fizeram a sua Páscoa. Já terminaram sua caminhada terrena e agora estão diante da visão de Deus. A Igreja oferece por todos sua oração, sobretudo, a celebração da eucaristia. Ao mesmo tempo, a celebração de todos os fiéis defuntos nos remete ao mistério da ressurreição. Como nos diz o prefácio da eucaristia de hoje, na morte nossa vida não nos é tirada, mas transformada. Desfeita a tenda deste nosso corpo, nos está reservada uma morada no Céu. Celebramos o mistério da ressurreição e a esperança de que eles ressuscitaram, e que nos haveremos de ressuscitar com eles para Cristo”

BLOG: Pe José Geraldo a IGREJA CATÓLICA PODE AFIRMAR QUE TUDO SE TERMINA, UMA VEZ QUE O CORPO SE ENCONTRA NO CHÃO DETERIORADO PELA TERRA?

Pe. – Nossos entes queridos não se encontram mais NAQUELE lugar. O Chão se tornou um memorial de esperança e recordações. Choramos saudosos, mas continuamos a labuta cotidiana. Aquele dia, do gesto doloroso de sepultar nossos amados e amadas, foi o gesto de plantar uma semente na terra. Uma semente que agora floresce no coração amoroso de Deus pela força da ressurreição de Jesus, nosso Salvador, que venceu a morte e a dor. Precisamos viver em plenitude, no seguimento de Jesus Cristo. Este é o melhor modo de homenagear aqueles que já morreram: viver plenamente, de esperança em esperança, até o dia em que também seremos chamados à presença do Altíssimo.

BLOG: Pe José Geraldo O Senhor falou que Jesus também desceu a Mansão dos mortos, o que o senhor tem a nos relatar?

Pe. – O próprio Jesus, após sua morte redentora, viveu a experiência da escuridão. Foi colocado num túmulo escavado na rocha (Mc 15, 46), sob o olhar compassivo de sua amada mãe Maria. Onde houve escuridão, para todos resplende a claridade da fé: Ele ressuscitou, conforme a promessa. Os caídos se levantam. Os que padeciam fome e sede de justiça redescobrem seu lugar no grande banquete da Vida! Secam-se as lágrimas dos que não se resignam à falta dos entes queridos. Do túmulo vazio resplende uma força nova. Bem-aventurados os que acreditaram que o amor é forte como a morte!

BLOG: Pe José Geraldo o que o senhor já ouviu que guardou a respeito desta data?

Pe. – Eu gostei muito de uma homilia do Arcebispo do Rio de Janeiro que falou claramente: “Para nós, cristãos, a morte, que no passado era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Dia de Finados é uma excelente data para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, de visitar os túmulos de nossos entes queridos, de participarmos da Santa Missa. A morte não é um salto no vazio, mas, sim, um salto para os braços de Deus”, disse Dom Orani.

BLOG: Pe José Geraldo o que o Senhor poderia acrescentar a nossa entrevista?

Pe. – Ensina-nos o Papa Francisco: Cada vez que nos encontramos diante da morte de uma pessoa querida, ou que conhecemos bem, surge em nós esta pergunta: “O que será da sua vida? (…)”. O Livro da Sabedoria responde-nos: “Eles estão nas mãos de Deus”! A mão é sinal de acolhimento e de salvaguarda, é sinal de uma relação pessoal de respeito e de fidelidade (…). Tudo deles está bem conservado, e não será corrompido pela morte. Estão nas mãos de Deus todos os seus dias, impregnados de alegrias e sofrimentos (…). Também os pecados, os nossos pecados, estão nas mãos de Deus; aquelas mãos são misericordiosas, são mãos “feridas” de amor. Não foi por acaso que Jesus quis conservar as chagas nas suas mãos, para nos fazer sentir a sua misericórdia. E esta é a nossa força, a nossa esperança. Esta realidade, repleta de esperança, é a perspectiva da ressurreição final, da vida eterna, à qual estão destinados “os justos”, aqueles que aceitam a Palavra de Deus e são dóceis ao seu Espírito» (Homilia do Papa Francisco, 04.11.2013)

BLOG: Pe José Geraldo, deixe aqui a sua mensagem

Pe. – “Deixo como mensagem uma palavra que a mim sempre me conforta muito. A palavra de que o amor de Deus é maior que a morte, que ela não é o ponto final, não é a conclusão. Mais forte do que a morte, é o amor de Deus por nós. Um amor que nos dá certeza de que a nossa vida é eterna. Nos recordamos com saudade aqueles que nos precederam, partiram, mas ao mesmo tempo, nos recordamos deles com esperança. A certeza de que um dia nos reencontraremos todos na casa do Pai” A lembrança dos que já partiram para a Casa do Pai traz saudade ao coração. Nesse momento, não nos deixemos abater pela tristeza, pois, como bem lembra o Papa Francisco, para os que têm fé há sempre um horizonte luminoso. Cristo, nosso Mestre e Senhor, ensina que a vida vence a morte. E o coração de cada pessoa, junto com a saudade, deve estar também repleto de esperança. Ilumine a compreensão de cada pessoa o que disse Jesus, na Palavra de Deus: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê, ainda que tenha morrido, viverá.” (Jo 11,25)

Senhor, quero hoje rezar pedindo à Santíssima Trindade por aqueles que desapareceram no mistério da morte. Dá o descanso àqueles que expiam, luz aos que esperam, paz aos que anseiam pelo teu infinito amor. Descansem em paz: na paz do porto seguro, na paz da meta alcançada, na tua paz, Senhor. Vivam no teu amor aqueles que amaste, aqueles que me amaram. Não esqueças o bem que me fizeram, o bem que fizeram a outros. Esquece tudo o mal que praticaram, risca-o do teu livro. Aos que passaram pela dor, àqueles que parecem ter sido imolados por um iníquo destino, revela, com o teu rosto, os segredos da tua justiça, os mistérios do teu amor. Concede-me aquela vida interior que permite comunicar com o mundo invisível em que se encontram os nossos defuntos: esse mundo fora do tempo e do espaço, esse mundo que não é lugar, mas estado, e mundo que não está longe de mim, mas à minha volta, esse mundo que não é de mortos, mas de vivos.

A comemoração dos fiéis defuntos está muito bem colocada junto à festa de todos os Santos. As duas estão ligadas intimamente pela fé e pela esperança no destino eterno da criatura humana, redimida por Jesus Cristo. Os santos lembram a meta alcançada, onde não precisam mais da fé e da esperança, porque tudo é amor, conforme anuncia São Paulo em Coríntios 13,8

Neste dia em que lembramos daqueles que já partiram para o Pai, a comemoração de Todos os Fiéis Defuntos nos coloca diretamente dentro do mistério pascal: “Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. Para os que crêem em Cristo a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”. Isso porque, “um por todos, ele aceitou morrer na cruz para nos livrar a todos da morte. Entregou de boa vontade a sua vida, para que pudéssemos viver eternamente”. “Salvos pela morte de vosso Filho, ao vosso chamado, despertaremos para a ressurreição”.

Hoje é a festa da esperança cristã. Não queiramos ficar tristes. Vamos ficar alegres porque não celebramos a morte, mas a vida eterna, aqueles que já estão juntos de Deus, nos precedendo no diálogo mais íntimo com o Redentor.

A Luz que acendemos nos velórios para homenagear nossos mortos é a mesma luz de nosso batismo e que relembramos em toda a Vigília Pascal. É o Cristo que caminha na vida e na história nos velando e nos abençoando.

Cristo, luz do mundo e salvação dos homens e das mulheres, arrancou-nos das trevas do erro e da condenação, revestiu-nos da gloriosa condição de filhos de Deus, e nos conduz para a luz eterna, onde “já não haverá noite nem necessidade de velas nem mesmo da luz do sol, porque o Senhor Deus nos iluminará e reinaremos pelos séculos dos séculos”(Cf. Ap 22,5).

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