
Os resultados da apuração da eleição presidencial deste domingo na Argentina confirmam a vitória em primeiro turno do candidato peronista, Alberto Fernández , que tem como companheira de chapa a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner (2007-2015).
Herdeiro de uma crise econômica que não conseguiu resolver, apesar de uma acordo de US$ 50 bilhões com o Fundo Monetário Internacional, o presidente Mauricio Macri foi derrotado em sua tentativa de obter um segundo mandato, embora por uma diferença menor do que a prevista pelas pesquisas.
Com 76% dos votos apurados, Fernández tem 47,39%, contra 41,18% de Macri e 6,14% do terceiro colocado, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna. Na Argentina, para vencer no primeiro turno é necessário ter 45% mais um dos votos ou ao menos 40%, com 10 pontos de diferença sobre o segundo colocado. A vitória do peronista é considera irreversível por analistas locais.
O resultado de Macri foi melhor do que o obtido nas primárias de agosto, quando ele teve 32% dos votos, contra 49% de Fernández. A eleição aconteceu sob o temor de agravamento da situação econômica e de uma corrida aos dólares, que vem se valorizando em relação ao peso nos últimos três meses.
Fernández comemorou a vitória ainda antes da divulgação dos resultados oficiais, enquanto milhares de pessoas festejavam em frente ao quartel-general da Frente de Todos, a coalizão vitoriosa.
— É um grande dia para a Argentina — disse o peronista, sorridente, ao sair de casa para se dirigir ao quartel-general da campanha, onde uma multidão o espera. — Estamos muito contentes, estamos superando a quantidade de votos das primárias.
A apuração também apontava a derrota de Macri na província de Buenos Aires, com a superação de sua candidata a governadora, Maria Eugenia Vidal, por Axel Kiciloff, ex-ministro da Economia de Cristina. Como previsto, a única vitória significativa do macrismo foi para a prefeitura da capital, onde Horacio Larreta se impôs sobre o peronista Matías Lammens.
Sob um clima de polarização em vários países da América do Sul — com protestos populares no Chile e no Equador, a quarta reeleição de Evo Morales contestada na Bolívia e a pior crise econômica e social da História da Venezuela —, a eleição na Argentina tem o potencial de reconfigurar o equilíbrio de forças regional. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, último de uma onda de candidatos conservadores eleitos na região, fez campanha aberta por Macri e contra Fernández.
Fonte: oglobo.globo.com
