Mundo: Sírio filma adeus de pai a seus bebês mortos em ataque químico na Síria

O sírio Abdel Hameed al-Youssef dá adeus aos seus gêmeos, mortos no ataque químico de terça-feira

O pai embalou seus gêmeos de nove meses, Aya e Ahmed, um em cada braço. Ele penteou seus cabelos e segurou suas lágrimas, murmurando, “diga tchau, bebê, diga tchau” aos seus corpos sem vida.

Abdel Hameed al-Youssef perdeu seus dois filhos, sua mulher e outros parentes no ataque químico de terça-feira (4) que matou ao menos 72 pessoas na cidade de Khan Sheikhun, no noroeste da Síria.

Em material compartilhado com a Associated Press, Youssef senta no banco da frente de uma van com os gêmeos, com os olhos vermelhos enquanto pede a um parente para gravar seu adeus a eles.

Quando o ataque aéreo ocorreu, “eu estava bem ao lado deles e carreguei eles para fora de casa com a mãe deles”, disse Youssef, 29, que é comerciante. “Eles estavam conscientes no início, mas dez minutos depois podíamos sentir o odor.” Os gêmeos e sua mulher, Dalal Ahmed, passaram mal.

Ele os levou aos paramédicos, e, pensando que ficariam bem, foi procurar pelo resto de sua família. Youssef achou os corpos de dois dos seus irmãos, dois sobrinhos e uma sobrinha, bem como vizinhos e amigos. “Eu não pude salvar ninguém, estão todos mortos agora”, disse.

Só depois ele ficou sabendo que seus filhos e sua mulher tinham morrido. “Abdel Hameed está muito mal”, diz um familiar. Ele está sendo tratado por causa da exposição à toxina. “Mas está especialmente arruinado por causa de sua grande perda.”

ATAQUE QUÍMICO

A foto tem gerado comoção em redes sociais, com diversos usuários compartilhando imagens de Youssef com os corpos dos filhos nos braços.

Ainda não se sabe quem perpetrou o ataque na terça, que deixou ao menos 72 mortos, 20 crianças e mais de 160 feridos, segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos. O governo russo alegou que a aviação síria bombardeou um “armazém terrorista” com “substâncias tóxicas”, o que teria causado o vazamento do material, enquanto os Estados Unidos culparam o governo do ditador Bashar al-Assad.

Mais cedo nesta quarta (5), a representante dos EUA na ONU disse que o país agirá na Síria caso o Conselho de Segurança vete uma resposta. “Quando as Nações Unidas fracassam seguidamente em sua tarefa de atuar de forma coletiva, há momentos na vida dos Estados em que nos vemos impulsionados a atuar por conta própria”, declarou a embaixadora Nikki Haley.

O presidente Donald Trump disse que “esses atos de ódio do regime de Assad não podem ser tolerados”, mas sem afirmar o que seu governo fará a respeito.

Fonte: Folha de São Paulo

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