Ainda sobre o MP…

O solo sagrado da antiga Policlínica São Jorge foi tomado segunda-feira (12), do povo de Pedreiras pelo Poder Legislativo e doado ao Ministério Público. Um golpe no povo de Pedreiras urdido a 03 (três) mãos e 02 (duas) mentes. As mãos do MP, da Prefeitura e da Câmara Municipal. As mentes foram só as do MP e da Prefeitura, pois escravo é proibido de refletir, então disso os vereadores estão dispensados.

Gostaria de relembrar a Pedreiras a importância histórica daquele imóvel para a saúde pública municipal, estadual e até nacional.

Uma homenagem a Policlínica São Jorge e seu pioneirismo na assistência médica de qualidade no Maranhão e no Brasil se faz necessário depois do vilipêndio ali praticado.

Primeiramente elevemos os espíritos desbravadores, altaneiros, pioneiros e de vanguarda dos irmãos médicos Kléber e Josélio Carvalho Branco, que os fizeram ser dos primeiros a investir na medicina privada no estado. E investir para assistir e não para enriquecer.
Tanto é que a Policlínica sempre foi mais um hospital de ensino (cuja manutenção é caríssima) do que de assistência somente.

Era referência para a UFMA, que em Pedreiras tinha o CRUTAC-Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária – um programa de extensão universitária da Universidade Federal do Maranhão no qual estagiavam os alunos da área de saúde no final de seus cursos e funcionava onde atualmente é o Parque João do Vale.

A Policlínica formou centenas de médicos que tomaram renome e fama e se espalharam Brasil afora.

Josélio e Kléber abriam as portas de seu hospital a todos, independente da politicagem porque amavam o que faziam e queriam era servir mais e mais a população da região e formar cada vez mais bons médicos.
E assim o fizeram!

Ali era uma fábrica de ciência; especialmente de cirurgias. Ali foram criadas técnicas cirúrgicas novas que se disseminaram no mundo e atualmente no mundo todo se opera por essas técnicas e ninguém lembra ou sabe que foi lá na Policlínica, sob a supervisão e experiência do Prof. Dr. Kleber Fernandes de Carvalho Branco, Professor da Disciplina de Urologia da UFMA, que aquela parte da ciência mundial existe.

Para Pedreiras vinham pessoas de várias partes do Maranhão e do Brasil; até de Brasília, São Paulo e Goiás, que saiam de seus estados para serem operados em Pedreiras, que tinha na Policlínica São Jorge uma espécie de “Meca” da Medicina do Maranhão.

Quando em 1992 o Dr. Janduy Freitas Júnior e o Dr. José Branco, nós três ainda acadêmicos, me apresentaram aos Drs. Kléber e Josélio como acadêmico de Medicina, eu fui recebido como um filho – as portas me foram abertas, eles faziam questão de me dar atenção especial, me ensinar, me convidar para operar com eles, para almoçar com eles na casa deles, me passavam casos clínicos difíceis e me cobravam resultados, me deram a responsabilidade de tratar vereadores e até a João do Vale e também me levaram a Rádio Cidade para me apresentarem ao povo de Pedreiras como o mais novo estagiário e futuro médico da Policlínica, filho de Pedreiras. E eu fui o último dos médicos “filhos” da Policlínica.

Assim eram Josélio e Kléber Branco: pelo povo e para o povo! Acima de tudo: por Pedreiras!

A cidade, o povo, o país que não preserva sua história e a imagem de seus benfeitores não é abençoado e não prospera. Não podia haver melhor e maior homenagem a Josélio e Kléber Branco do que deixar o solo sagrado de sua maior obra nesse mundo continuar com o mesmo objetivo: salvar vidas e produzir ciência e vida!

Allan Roberto Costa Silva – cidadão pedreirense