
Corpo de Bombeiros de Minas Gerais manteve durante a madrugada e a manhã deste sábado as buscas por desaparecidos na área atingida pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho , na região metropolitana de Belo Horizonte. O Corpo de Bombeiros trabalha com uma lista de 300 desaparecidos.
O governo de Minas informou que nove corpos foram resgatados. Ainda não há a identificação das vítimas. Até o momento, 23 pessoas foram levadas para o hospital. No total, os bombeiros resgataram 189 pessoas ques estava ilhadas próximo ao local do acidente.
A capela de Nossa Senhora das Dores, na parte alta do bairro que leva o mesmo nome da mina, foi transformada num centro de operações dos bombeiros. O gramado é usado como pista de pouso e decolagem dos helicópteros, que reiniciaram as buscas na manhã deste sábado sobrevoando a área tomada pela lama. Quatro caminhões-bau foram posicionados ao lado do campo com a incumbência de levar os corpos para o IML.
Essa é a área mais próxima ao local onde ficavam os escritórios e o restaurante da mineradora Vale. O acidente ocorreu na hora do almoço, pouco depois do meio dia, e a lama inundou justamente essa área, um vale logo abaixo da barragem.
Moradores do bairro acompanham o trabalho dos bombeiros. Rômulo Henrique de Oliveira, 31 anos, aguarda notícia do irmão Rodrigo Henrique de Oliveira, que completou 31 anos no dia 3 de janeiro e é um dos desaparecidos.
— Escutei o barulho e desci correndo para ver o que era. Parecia ventania, um furacão — conta Rômulo.
Ele estima que pelo menos 200 pessoas estavam na área do restaurante, pouco abaixo dos escritórios. O que se vê no lugar é lama.
— Eu sabia que o Rodrigo estava trabalhando. Ele era operador de máquina — diz Rômulo.

Na sexta, ele ajudou a resgatar uma jovem que trabalhava como caseira de um sítio colado ao local do desastre. A lama atingiu parte da casa onde ela estava.
— O nome dela é Adriana. Fazia um mês que tinha vindo morar aqui.
Entre os desaparecidos está também a advogada e professora Sirlei Brito Ribeiro. Parte da casa da advogada ainda pode ser vista na parte mais alta do morro. Outra parte, a da Cozinha, desmoronou.
— Ela estava no sítio. Ouviu o barulho mas ficou parada no portão, sem reação. Ela está desaparecida. São muitas amigas desaparecidas — conta Silvana Cassimiro Lopes, que acompanha as buscas.
Posts no Facebook ajudam a mostrar dezenas de nomes de pessoas ainda não encontradas e que não deram entrada em hospitais da região.
O presidente Jair Bolsonaro vai hoje de manhã para Brumadinho onde fará um sobrevoo de helicóptero no local do acidente. O presidente criou ontem um Conselho Ministerial de Supervisão de Trabalhos e um Comitê de Gestão e Avaliação de Respostas a Desastre . O conselho de ministros terá o dever de fiscalizar as atividades a serem desenvolvidas em decorrência do desastre.
A Vale informou que disponibilizou três postos de atendimento aos atingidos pelo rompimento das barragens: Faculdade Asa, Estação Conhecimento de Brumadinho e Centro Comunitário Córrego do Feijão.
A empresa disponibilizou também canais telefônicos para apoio e atendimento à população. Os números para atendimento são: 0800 285 7000 (Alô Ferrovia – prioritário) e 0800 821 5000 (Ouvidoria da Vale). As ações são do Comitê de Ajuda Humanitária, formado por uma equipe de assistentes sociais e psicólogos que fazem o atendimento aos atingidos e seus familiares.
A estrutura da barragem tinha área total de aproximadamente 27 hectares, 87 metros de altura e não recebia rejeitos desde 2015. O volume de material disposto é de aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro.
Fonte: oglobo.globo.com