Uma pessoa introspectiva e pouco afeita a amigos. É assim que ex-vizinhos definem Marcos Mário Duarte, o maranhense de 42 anos que foi preso quinta-feira, 21, no interior de São Paulo, e levado para um presídio de segurança máxima no Mato Grosso do Sul, suspeito de planejar ataques terroristas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, que começam em agosto. Ele residiu pelo menos por 10 anos na Rua P, no Residencial Terra Livre, próximo da Parque Vitória, em São Luís.
Moradores não se dispuseram a falar muito sobre a vida de Zaid ( Marcos Duarte), seu nome islâmico e que ele utilizava na internet, em redes sociais e em seu blog Islam Maranhão. Mas disseram que Marcos pouco conversava com os vizinhos, ficava continuamente trancado, ouvindo “músicas esquisitas e tinha bandeiras estranhas”.
Há uns cinco anos,Marcos Duarte deixou a casa em que morava sozinho e sumiu. Voltou em novembro do ano passado, quando vendeu o imóvel e não retornou mais. Ele teria passado algum tempo no interior na cidade de Amparo, interior de São Paulo, onde trabalhou com o abate de animais e também como garçom.
Conversão
Marcos Duarte nasceu no dia 8 de maio de 1974. Estudou durante o ensino médio no Colégio Pinheirense, escola católica na cidade de Pinheiro, no interior do Maranhão. Ele se converteu ao islamismo há mais de 13 anos e fundou em São Luís a Sociedade Islâmica do Maranhão. Em Amparo ( SP), além do trabalho, ele ainda mantinha um time de rúgbi, usado para cooptar jovens para o islamismo radical.
Na internet, Marcos Duarte não se preocupava em esconder suas inclinações religiosas e insinuações terroristas. Pregava o anti-semitismo, defendia o Estado Islâmico e dizia estar pronto para sacrificar sua própria vida em nome do islã. Ele se dizia um kamizake, em alusão aos soldados japoneses que se sacrificavam com seus aviões durante a Segunda Guerra Mundial.
Em fotos, ele posava com armas, bandeiras e camisas de símbolos islâmicos. Em seu blog, postava textos enormes defendendo o islã e seus irmãos muçulmanos. Em uma de suas postagens usou o título “Estado Islâmico, uma história de amor”. Em vários desses textos, ele recebeu mensagens, inclusive de maranhenses, se solidarizando pela causa e mostrando interesse em se converter.
Prisão
A Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal monitorou, por vários meses, mensagens trocadas por brasileiros em redes sociais e aplicativos de mensagens (Telegram e Whatsapp). Nas conversas, os envolvidos demonstravam apoio aos últimos atentados do Estado Islâmico e faziam referências a uma tentativa de compra de um fuzil AK-47 no Paraguai. As conversas ainda faziam menção à táticas de guerrilhas e propagavam intolerância racial, de gênero e religiosa.
Toda a investigação desembocou na Operação Hashtag, realizada nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul e na prisão de 10 pessoas, sendo um menor de idade. Dois suspeitos ainda estão foragidos. Todos os presos, incluindo Marcos Duarte, foram levados para um presídio de segurança máxima no Mato Grosso do Sul.
Lista dos suspeitos na operação Hashtag
Marco Mario Duarte
Alisson Luan de Oliveira
Antonio Andrade dos Santos Junior
Daniel Freitas Baltazar
Hortencio Yoshitake
Israel Pedra Mesquita
Leandro França de Oliveira
Leonid El Kadre de Melo
Levi Ribeiro Fernandes de Jesus
Mohamad Mounir Zakaria
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo
Valdir Pereira da Rocha
Vitor Barbosa Magalhães
Fonte:imirante.com.br