Sem delongas, adentro a casa da sua vida para deixar fragmentos na sala do seu ser, da palavra mais cobiçada e mais desejada que é a Felicidade. Para não ser prolixo não falarei sobre o ôntico e o ético numa visão mais Agostiniana, mas mencionarei a Felicidade como busca, construção e não como algo pronto caído do céu.

Estamos vivenciando um tempo muito comum de pessoas que transparecem a infelicidade nos seus rostos, como nas suas atitudes. Pessoas pálidas de sorrisos e quantas vezes rugas moldadas pelas frustrações em ansiedade do dia a dia.

Fiquei me perguntando com as perguntas que me fazem, por que participo da Igreja e não sou feliz! Pedi Licença a um grande místico da igreja São João da Cruz que em seu legado espiritual nos relata que Felicidade é está no caminho de Deus. Com isso não quero impor uma religião e nem fazer o proselitismo tão assíduo nos dias atuais.

Sabemos que em nosso dia a dia, encontramos muitas dificuldades, obstáculos, muitas preocupações, mas na ótica do Cristo, temos que enfrentar tudo isso para SERMOS MAIS FELIZES!

Felicidade não é dramatização. Tem tudo a ver com essência, com internalização, brota como se BROTA água de um poço que quanto mais aprofunda-se, mais água jorra. Muitas vezes a nossa ignorância produz só parapeito, superficialidade sem fecundidade, não transbordamos felicidade, mas jorramos lágrimas…

Felicidade não quer dizer que é ausência de problemas e dificuldades. Agora feliz é quem Ama, que sabe ser livre sem perder o vínculo, que sabe se conhecer na amplitude dos questionamentos, que sabe se entender na medida em que se purifica dos vícios e dá vasão as virtudes, que se compreende na apreensão das múltiplas criticas do outro, que se encontra desnudado dos preceitos, preconceitos, rompendo o labirinto do medo. Feliz é quem desapega da rotina e se apega na aventura de correr riscos de aprendizagem. Só se sente feliz quem tem essa consciência do SER.

Às vezes me deparo com pessoas que confundem felicidade com a EUFORIA DO MOMENTO. Quantas vezes alguém que ganha um presente não fica eufórico momentaneamente, mas quando passa, continua o de sempre. Platão já dizia que as emoções prejudicam. E o homem para realmente ser feliz precisaria eliminar suas emoções.

Busco e Gosto muito de Aristóteles que fala que a felicidade e a tristeza coexistem, que nós não podemos eliminar as emoções, mas podemos equilibra-las. Nós podemos controlar as emoções. Segundo o filosofo temos que ganhar a partir de tudo isso, a sabedoria, a experiência, a maturidade.

Há uma musica que gosto muito. Uma musica bem antiga que em sua melodia carrega uma letra lindíssima que fiz: “felicidade foi embora…” Esta musica mostra que a felicidade ela pode ir embora a qualquer instante, desde que passemos a dar valor a falsidade. A falsidade tende a competição, sempre querer ganhar, sobressair. A felicidade tem um sentido mais fecundo que é a verdade. Jamais a felicidade pode ser teatralizada.

Muitas vezes quem vive uma falsidade disfarçada de felicidade, só na aparência, acredito que esse tipo de pessoa, vive com uma proteção muito grande, a ponto de lá dentro do seu EU latente, saber o quanto é infeliz, e a escuridão que muitas vezes não dá para enxergar o quanto está o coração machucado.

As pessoas esquecem que quando elas mentem, mentem para elas mesmas. Quantas pessoas vivem imaginariamente criando histórias para agradar, serem aceitas, e para não feri-las, vão criando verdades provisórias, relações mentirosas, usando máscaras e as vezes de tanto usar, acreditam ser verdadeiras.

Sempre falo que a verdade deve predominar, não faz estragos. Há muita gente que se auto afirma para passar um critério de verdade, como vemos, muitas pessoas usando da ignorância, de mecanismos que causam medo para imporem suas verdades. Quando falo de ser verdadeiro não estou falando que se deve dizer o que se vem na cabeça, isso é uma tamanha indelicadeza, falta de bom senso, polidez e estruturalmente a pessoa já mostra muito do seu caráter.

A felicidade tem muito a ver com autenticidade ser o que se é. Há tanta gente que não sabe que veio a este mundo para marca-lo com a beleza das ações. É uma pena que muitos ainda se encontram na janela para ver a banda passar. Há muitos se esforçando para ser feliz que dispenso comentários…. há outros que criaram em si, cavernas de infelicidade a ponto de cultivar o pomar do orgulho e mecanizar a sua vida.

A felicidade não é só transmitida pelo rosto, pele, mas assumir as angústias, também assumindo as consequências dos atos da vida. Saber lidar com os defeitos dos outros e aceitar as próprias limitações. Descobrir o canteiro de virtudes que temos. Fazer acontecer uma sinfonia dentro de nós na aceitação total daquilo que encontramos em nosso interior na audaciosa teimosia de não se limitar a infelicidade.

Vemos pessoas que quando não são felizes, potencializam os defeitos dos outros, consequentemente fazem os outros infelizes. Não podemos deixar que a nossa infelicidade nos leve a viver morrendo e ao mesmo tempo matando os outros.

Assim acalentados pela música que nos desinstala “viver e não ter vergonha de ser feliz” vamos fazer memória de uma das Santas mais conhecidas: Santa Teresinha do Menino Jesus; que conhecedora das Bem Aventuranças de Jesus em sua vida nos mostrou que ser feliz são os que se relacionam, mesmo com os que só dão espinhos.

E é com esta visão de Santa Teresinha que vislumbro uma chuva de rosas, pois o quanto feliz ela foi e é diante de Deus POR TER AMADO demasiadamente, concluo que ser feliz é fácil, é só AMAR.

Por Padre José Geraldo Teófilo – Reitor do Santuário de São Benedito