BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello autorizou a quebra do sigilo bancário do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA). A ação foi resultado após análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que indicou “fortes indícios” de ligação do parlamentar com irregularidades institutos de previdência de servidores públicos. Magistrado tomou a decisão no dia 27 do mês passado.
De acordo com a PGR, existem suspeitas de que Maranhão, “mediante recebimento de vantagem indevida, teria atuado em diversas prefeituras em favor de esquema fraudulento de investimento nos regimes de Previdência” de Municípios.
A “devassa” nas contas de Maranhão é consequência da Operação Miqueias, deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2013 com ordens de 27 prisões e 75 buscas e apreensões. Desde a época, a PF vem investigando um conjunto de empresas de fachada usadas para lavagem de dinheiro, envolvendo “laranjas” e “saques em espécie por interpostas [intermediárias] pessoas”. A polícia estimou um desvio de cerca de R$ 50 milhões.
Waldir Maranhão aparece na investigação por meio de intercepção de telefonemas do doleiro de Brasília, Fayed Antoine Traboulsi. O contato mostra o deputado assumindo o papel de apresentar Fayed a agentes públicos que poderiam se envolver no “negócio bom”, como diz o doleiro em um dos diálogos.
De acordo com a Folha, o advogado do parlamentar no inquérito, Michel Saliba, alega que a quebra de sigilo bancário de Maranhão é “absolutamente normal dentro de um procedimento investigatório” e que o deputado está à disposição para prestar esclarecimentos.
“O deputado está absolutamente tranquilo sobre a investigação. Quanto mais se investigar, mais se concluirá pela absolvição do deputado”, disse. Ele afirmou para o jornal que Maranhão nega ter recebido “vantagens indevidas” do grupo do doleiro Fayed Traboulsi.
Já o advogado de Fayed, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse para a Folha que seu cliente ainda não foi ouvido no inquérito. Ele reconheceu que Fayed conhece o parlamentar, mas negou que seu cliente tenha se valido do deputado para fazer negócios. “Ele [Fayed] conhece o deputado de uma época em que ele não tinha nenhuma expressão política”, disse.
Fonte: imirante.com.br